IMPACTO DAS MEDIDAS NÃO FARMACOLÓGICAS EM RESPOSTA À COVID-19 NAS INTERNAÇÕES POR DOENÇAS RESPIRATÓRIAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO BRASIL

Antonio Mainardi, Dani Barcellos, Eduardo Scherer, Luise Mariê Cardoso, Rafaela de Fraga Lhul, Sandy Trisch, Vinicius de Oliveira Lessa, Rodrigo Costa Schuster, João Paulo Heinzmann-Filho

Resumo


Até o presente momento, nenhuma pesquisa, investigou em médio prazo, as repercussões das medidas não farmacológicas em resposta à COVID-19, nas internações por desordens respiratórias pediátricas no Brasil. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o impacto das medidas não farmacológicas em resposta à COVID-19, nas internações por doenças respiratórias na infância, em crianças e adolescentes brasileiras. Além disso, buscou-se descrever as causas de hospitalizações neste período. Foram obtidos dados de internações por doenças respiratórias (<19 anos) do banco de dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Para avaliar o efeito das medidas não farmacológicas em resposta à COVID-19 sobre as hospitalizações por doenças respiratórias pediátricas foram realizadas a redução absoluta e relativa através da análise dos subconjuntos 2017-2019 vs. 2020-2022. Utilizou-se análise descritiva e a razão das taxas de incidência (RTI) através da diferença entre os períodos avaliados. Registraram-se 670.342,00 (1.091,76 a cada 100 mil) hospitalizações por doenças respiratórias na infância no período de 2017 a 2022. Destas, 410.203,33 (657,64 a cada 100 mil) são internações no período pré-pandemia e 260.138,67 (434,12 a cada 100 mil) referentes ao período pandêmico. Houve redução (∆: pandemia – pré-pandemia) de -36,58% no número absoluto e de -33,9% na incidência de hospitalizações destes desfechos no período pandêmico. Apesar disto, quando se analisou os dados anualmente, foi observado o crescimento exponencial das doenças no período pandêmico (2020-2022), obtendo resultados exclusivamente maiores em 2022 (absoluto: 440.378; incidência: 740,48), frente ao período pré-pandemia. A média da RTI foi de 0,66% (IC95%: 0,58-0,74). A pneumonia, asma e as doenças crônicas das amígdalas/adenoides foram as causas mais registradas. Em conclusão, os resultados evidenciaram diminuição de 34% na incidência de hospitalizações por desordens respiratórias pediátricas no período pandêmico.


Texto completo:

PDF

Referências


Timeline: WHO’s COVID-19 response [Internet]. [citado 25 de outubro de 2022]. Disponível em: https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus2019/interactive-timeline

Guo YR, Cao QD, Hong ZS, et al. The origin, transmission and clinical therapies on coronavirus disease 2019 (COVID-19) outbreak - an update on the status. Mil Med Res. 2020;7(1):11. doi:10.1186/s40779-020-00240-0

. Yen Chun-Yu, Wu Wan-Tai, Chang Chia-Yuan, Wong Ying-Chi, Lai Chou-Cheng, Chan Yu-Jiun, et al. Viral etiologies of acute respiratory tract infections among hospitalized children e A comparison between single and multiple viral infections. Journal of Microbiology, Immunology and Infection 2019; 52:902–910. [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]

Monto AS. Studies of the community and family: acute respiratory illness and infection. Epidemiol Rev 1994;16(2):351e73. [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]

Zomer TP, Erasmus V, Looman CW, et al. Melhorando a adesão à higiene das mãos em creches: um estudo controlado randomizado . Epidemiol Infect . 2016; 144 ( 12 ):2552–2560. 10.1017/S0950268816000911 [ PMC free article ] [ PubMed ] [ CrossRef ] [ Google Scholar ]

. Timeline: WHO’s COVID-19 response [Internet]. [citado 25 de outubro de 2022]. Disponível em: https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus2019/interactive-timeline

Choi JH, Choi SH, Yun KW. Risk Factors for Severe COVID-19 in Children: A Systematic Review and Meta-Analysis. J Korean Med Sci. 2022 Feb 7;37(5):e35.

Oliveira AC, Lucas TC, Iquiapaza RA. O que a pandemia da covid-19 tem nos ensinado sobre adoção de medidas de precaução?. Texto contexto - Enferm. 2020; 29: e20200106.

Silva DF, Oliveira MLC. Epidemiologia da COVID-19: comparação entre boletins epidemiológicos. Comunicação Ciências Saúde. 2020;31(Suppl1): 61-74.

Silva MHA, Proscópio IM. A fragilidade do sistema de saúde brasileiro e a vulnerabilidade social diante da COVID-19. Rev Bras Promoç Saúde. 2020;33:10724.

Brasil. Ministério da Saúde. DATASUS [página da internet]. Morbidade hospitalar do SUS [citado em 16 de setembro de 2020]. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sih/cnv/nruf.def

Yen CY, Wu WT, Chang CY, et al. Viral etiologies of acute respiratory tract infections among hospitalized children—A comparison between single and multiple viral infections. J Microbiol Immunol Infect. 2019;52(6):902–910. 10.1016/j.jmii.2019.08.013 [PMC free article] [PubMed] [CrossRef] [Google Scholar]

Maciel E, Fernandez M, Calife K, Garrett D, Domingues C, Kerr L, et al.. A campanha de vacinação contra o SARS-CoV-2 no Brasil e a invisibilidade das evidências científicas. Ciênc saúde coletiva. 2022;27(3):951–6.

Lima EJF, Faria SMK, Ávila R. Reflexões sobre o uso das vacinas para COVID-19 em crianças e adolescentes. Epidemiologia e Serviços de Saúde. 30(4): e2021957.

Friedrich F, E Garcia LC, Petry LM, Pieta MP, Carvalho GE, Zocche G, Ongaratto R, Lumertz MS, Brum M, Stein RT, Scotta MC, Jones MH, Pinto LA. Impact of nonpharmacological COVID-19 interventions in hospitalizations for childhood pneumonia in Brazil. Pediatr Pulmonol. 2021 Sep;56(9):2818-2824.

Friedrich F, Montiel Petry L, Brum M, Van Der Sand Germani PA, Nunes BB, Zocche G, Torres ML, Kafer ET, Enet AC, Irschlinger CF, Provenzi L, Scotta MC, Stein RT, Jones MH, Pitrez PM, Pinto LA. Impact of COVID-19 mitigation strategies on asthma hospitalizations in Brazil. J Allergy Clin Immunol Glob. 2022 Aug;1(3):106-111.

Friedrich F, Ongaratto R, Scotta MC, Veras TN, Stein RT, Lumertz MS, Jones MH, Comaru T, Pinto LA. Early Impact of Social Distancing in Response to Coronavirus Disease 2019 on Hospitalizations for Acute Bronchiolitis in Infants in Brazil. Clin Infect Dis. 2021 Jun 15;72(12):2071-2075.

Comaru T, Pitrez PM, Friedrich FO, Silveira VD, Pinto LA. Free asthma medications reduces hospital admissions in Brazil (Free asthma drugs reduces hospitalizations in Brazil). Respir Med. dezembro de 2016;121:21–5.

Koltermann V, Friedrich FO, Fensterseifer AC, Ongaratto R, Pinto LA. Cost-benefit impact of free asthma medication provision for the pediatric population. Respir Med. abril de 2020;164:105915.

Pitchon RR, Alvim CG, Andrade CR de, Lasmar LM de LBF, Cruz ÁA, Reis AP dos. Asthma mortality in children and adolescents of Brazil over a 20-year period. J Pediatr (Rio J). 19 de abril de 2019;96(4):432–8.

Saldanha RDF, Bastos RR, Barcellos C. Microdatasus: pacote para download e pré-processamento de microdados do Departamento de Informática do SUS (DATASUS). Cad Saúde Pública. 2019;35(9):e00032419.

Friedrich F, Ongaratto R, Scotta MC, Veras TN, Stein R, Lumertz MS, et al. Early Impact of social distancing in response to COVID-19 on hospitalizations for acute bronchiolitis in infants in Brazil. Clin Infect Dis Off Publ Infect Dis Soc Am. 28 de setembro de 2020;ciaa1458.

Friedrich F, Valadão MC, Brum M, Comaru T, Pitrez PM, Jones MH, et al. Impact of maternal dTpa vaccination on the incidence of pertussis in young infants. Hozbor DF, organizador. PLOS ONE. 28 de janeiro de 2020;15(1):e0228022.

Silva LLSD, Lima AFR, Polli DA, Razia PFS, Pavão LFA, Cavalcanti MAFDH, et al. Medidas de distanciamento social para o enfrentamento da COVID-19 no Brasil: caracterização e análise epidemiológica por estado. Cad Saúde Pública. 2020;36(9):e00185020.

Castillo JR, Peters SP, Busse WW. Asthma Exacerbations: Pathogenesis, Prevention, and Treatment. J Allergy Clin Immunol Pract. julho de 2017;5(4):918–27.

Martins TCDF, Guimarães RM. Distanciamento social durante a pandemia da Covid-19 e a crise do Estado federativo: um ensaio do contexto brasileiro. Saúde Em Debate. 2022;46(spe1):265–80.

Henriques CMP, Vasconcelos W. Crises dentro da crise: respostas, incertezas e desencontros no combate à pandemia da Covid-19 no Brasil. Estud Av. agosto de 2020;34(99):25–44.

Campos LAM, Santana CML de, Silva CM da, Moraes FX de, Domingos LF, Pereira DBA, et al. Hesitação à vacina de Covid-19 para crianças no Brasil. Cad Psicol. 21 de outubro de 2022;13–13.

Nobre R, Guerra LDDS, Carnut L. Hesitação e recusa vacinal em países com sistemas universais de saúde: uma revisão integrativa sobre seus efeitos. Saúde Em Debate. 2022;46(spe1):303–21.

West AMM, Pacheco T de O, Lopes IMD. Cobertura vacinal em crianças abaixo de 1 ano de idade - uma análise entre diferentes regiões do Brasil. Res Soc Dev. 9 de janeiro de 2023;12(1):e22412139741–e22412139741.

Sato APS. Pandemia e coberturas vacinais: desafios para o retorno às escolas. Rev Saúde Pública. 15 de dezembro de 2020;54:115.

Sato APS. What is the importance of vaccine hesitancy in the drop of vaccination coverage in Brazil? Rev Saúde Pública. 22 de novembro de 2018;52:96.

Domingues CMAS, Maranhão AGK, Teixeira AM, Fantinato FFS, Domingues RAS. 46 anos do Programa Nacional de Imunizações: uma história repleta de conquistas e desafios a serem superados. Cad Saúde Pública. 2020;36(suppl 2):e00222919.

Fernandez M, Matta G, Paiva E. COVID-19, vaccine hesitancy and child vaccination: Challenges from Brazil. Lancet Reg Health - Am. 1o de abril de 2022;8:100246.

durante a pandemia da COVID-19 nas hospitalizações por doenças respiratórias no brasil: um estudo de vigilância epidemiológica nacional. Rev Bras Tecnol Sociais. 2021;8(2):10–25.

Natali RMDT, Santos DSPSD, Fonseca AMCD, Filomeno GCDM, Figueiredo AHA, Terrivel PM, et al. Perfil de internações hospitalares por doenças respiratórias em crianças e adolescentes da cidade de São Paulo, 2000-2004. Rev Paul Pediatr. dezembro de 2011;29(4):584–90.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.


R. Perspect. Ci. e Saúde/ Revista Perspectiva: Ciência e Saúde