Comparação entre a Classificação Internacional de Doenças e a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde na Paralisia Cerebral: estudo de dois casos

Patrick Moreira Leonardo, Paulo Roberto Monteiro, Renata D'Agostini Nicolini-Panisson, Lidiane Barazzetti

Resumo


OBJETIVO: Avaliar a funcionalidade e as incapacidades de dois indivíduos diagnosticados com paralisia cerebral, a fim de comparar o diagnóstico encontrado na Classificação Internacional de Doenças com a avaliação das funções e estruturas corporais, atividades, participação, fatores ambientais e pessoais da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde versão para Crianças e Jovens.MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo de casono qual foram avaliados dois indivíduos com Paralisia Cerebral, através do instrumento Core Setda Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde versão para Crianças e Jovens para paralisia cerebral.RESULTADOS: Embora os dois indivíduos apresentassem a mesma Classificação Internacional de Doenças no laudo médico: G80 (referente a paralisia cerebral), as avaliações demonstraram diferenças entre o Caso 1 e o Caso 2, quanto ao tipo de paralisia cerebral (discinético e espástico, respectivamente), topografia da lesão (quadriplegia e hemiplegia) e acometimento (bilateral e unilateral), além de diferenças em relação a função motora grossa, habilidades manuais e mobilidade funcional. Diante das avaliações realizadas, o Caso 1 apresentou maior gravidade da condição de paralisia cerebral, o que leva à uma funcionalidade mais prejudicada quando comparado ao Caso 2.CONCLUSÕES: Conclui-se que indivíduos com a mesma Classificação Internacional de Doenças podem apresentar incapacidades e funcionalidade distintas e o Core Setda Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde versão para Crianças e Jovens permitiu avaliar essas diferenças funcionais de dois indivíduos com paralisia cerebral.  Assim, sugere-se que as duas classificações propostas pela Organização Mundial de Saúde passem a ser usadas em conjunto para definir um perfil mais abrangente de funcionalidades e incapacidades, podendo complementar o trabalho das equipes multidisciplinares, contribuindo para uma avaliação mais individualizada e enfatizando os principais aspectos a serem trabalhados na reabilitação.


Texto completo:

PDF

Referências


Roque AH, Kanashiro MG, Kazon S, Grecco LAC, Salgado ASI, Oliveira CSd. Análise do equilíbrio estático em crianças com paralisia cerebral do tipo diparesia espástica com e sem o uso de órteses. Fisioter Mov [online]. 2012;25(2):311-316.

O'Shea M. Cerebral palsy. Semin Perinatol. 2008;32(1):35-41.

Bax M, Goldestein M, Rosenbaum P, Paneth N. Proposed definition and classification of cerebral palsy. Dev Med Child Neurol. 2005;47(8):571-76.

Shin YK, Yoon YK, Chung KB, Rhee Y, Cho SR. Patients with non-ambulatory cerebral palsy have higher sclerostin levels and lower bone mineral density than patients with ambulatory cerebral palsy. Bone [online]. 2017;103:302-7.

Christofoletti G, Hygashi F, Godoy ALR. Paralisia cerebral: uma análise do comprometimento motor sobre a qualidade de vida. Fisioter Mov. 2007;20(1):37-44.

Cans C. Surveillance of cerebral palsy in Europe: a collaboration of cerebral palsy surveys and registers. Dev Med Child Neurol. 2000;42(12):816-824.

Agarwal A, Verma I. Cerebral palsy in children: an overview. J Clin Orthop Trauma. 2012;3(2):77-81.

Di Nubila HBV, Buchalla CM. O papel das Classificações da OMS – CID e CIF nas definições de deficiência e incapacidade. Rev Bras Epidemiol [online]. 2008;11(2):324-35.

Organização Mundial da Saúde. Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde; 10. revisão. São Paulo: EDUSP; 1994.

Rosário H, Leal T, Pinto Al, Simeonson RJ. Utilidade da classificação internacional da funcionalidade, incapacidade e saúde: versão para crianças e jovens (CIF-CJ) no contexto da intervenção precoce e da educação especial. Psicologia [online]. 2009;23(2):129-139.

Kisner C, Colby LA. Exercícios terapêutico: conceitos básicos. In: Exercícios Terapêuticos: Fundamentos e Técnicas. 6º ed. Barueri, SP: Manole; 2016.

Riberto M. Core sets da classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde. Rev Bras Enferm [online]. 2011;64(5):938-46.

Cardoso AA, Magalhões LC, Lacerda TTB, Andrade PMO. Relação entre a avaliação da coordenação e destreza motora e a classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde (CIF). Fisioter Mov [online]. 2012;25(1):31-35.

Rosenbaum P, Stewart D. The World Health Organization International Classification of Functioning, Disability, and Health: a model to guide clinical thinking, practice and research in the field of cerebral palsy. Seminars in pediatric neurology. 2004;11(1):5-10.

Eliasson A-C et al. The Manual Ability Classification System (MACS) for children with cerebral palsy: scale development and evidence of validity and reliability. Dev Med Child Neurol. 2006;48(07):549-554.

Oliveira RP, Caldas CACT, Riberto M. Aplicação do Core Set resumido da CIF-CJ para paralisia cerebral em uma criança em idade escolar. Acta Fisiatr. 2016;23(1):46-50.

Organização Panamericana de Saúde; Organização Mundial da Saúde. CIF: Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. São Paulo: EDUSP; 2003.

Oliveira RP. Operacionalização e resultados da aplicação do core set resumido de 0 a 18 anos da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde para crianças e jovens com paralisia cerebral [dissertação de mestrado]. Ribeirão Preto: Universidade de São Paulo - USP; 2017.

Morris C, Bartlett D. Gross Motor Function Classification System: impact and utility. Dev Med Child Neurol. 2004;46(1):60-5.

Ozu MHU, Galvão MCS. Fisioterapia na paralisia cerebral. In: Borges D, Moura EW, Lima E, Silva PAC. Fisioterapia: aspectos clínicos e práticos da reabilitação. São Paulo: Artes Médicas; 2007.

McCormick A, Brien M, Plourde J, Wood E, Rosenbaum P, McLean J. Stability of the Gross Motor Function Classification System in adults with cerebral palsy. Dev Med Child Neurol. 2007;49(4):265-9.

Morris C, Kurinczuk JJ, Fitzpatrick R, Rosenbaum PL. Reliability of the manual ability classification system for children with cerebral palsy. Dev Med Child Neurol. 2006;48(12):950-3.

Graham HK, Harvey A, Rodda J, Nattrass GR, Pirpiris M. The Functional Mobility Scale (FMS). J Pediatr Orthop. 2004;24(5):514-20.

Harvey AR, Morris ME, Graham HK, Wolfe R, Baker R. Reliability of the functional mobility scale for children with cerebral palsy. Phys Occup Ther Pediatr. 2010;30(2):139-49.

Chagas PSC, Defilipo EC, Lemos RA, Mancini MC, Frônio JS, Carvalho RM. Classificação da função motora e do desempenho funcional de crianças com paralisia cerebral. Rev Bras Fisioter. 2008;12(5):409-16.

Farias BHL, Penha CS, Marques PC, Sobreira FA, Teles NHC, Ferreira da Silva GP, Colares PGB, Maia JA. Classificaçãoda função motora grossa em crianças com paralisia cerebral assistidas por um centro especializado de reabilitação. Braz. J. of Develop. 2020;6(4):18385-92.

Santos LPD, Golin MO. Evolução motora de crianças com paralisia cerebral diparesia espástica. Rev Neurocienc. 2013;21(2):184-92.

Rosenbaum P et al. A report: the definition and classification of cerebral palsy April 2006. Dev Med Child Neurol. 2007;109:8-14.

Eunson P. Aetiology and epidemiology of cerebral palsy. Pediatric Child Health. 2016;22(9):361-6.

Bernardes JM, Pereira Junior AA. A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) e suas contribuições para a fisioterapia. Fisioterapia Brasil. 2010;11(6):58-64.

World Health Organization [homepage na internet]. International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems 10th Revision (ICD-10). Diseases of the nervous system: cerebral palsy and other paralytic syndromes. Disponível em: https://icd.who.int/browse10/2019/en#/G80-G83

Andrade LEL, Oliveira NPD, Ruaro JA, Barbosa IR, Dantas DS. Avaliação do nível de conhecimento e aplicabilidade da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Saúde debate [online]. 2017;41(114):812-23.

COFFITO. Resolução n. 370, de 6 de novembro de 2009. Dispõe sobre a adoção da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) da Organização Mundial de Saúde por Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais. Diário Oficial da União. 25 de nov 2009.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.


R. Perspect. Ci. e Saúde/ Revista Perspectiva: Ciência e Saúde