Comparação entre a Classificação Internacional de Doenças e a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde na Paralisia Cerebral: estudo de dois casos
Resumo
OBJETIVO: Avaliar a funcionalidade e as incapacidades de dois indivíduos diagnosticados com paralisia cerebral, a fim de comparar o diagnóstico encontrado na Classificação Internacional de Doenças com a avaliação das funções e estruturas corporais, atividades, participação, fatores ambientais e pessoais da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde versão para Crianças e Jovens.MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo de casono qual foram avaliados dois indivíduos com Paralisia Cerebral, através do instrumento Core Setda Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde versão para Crianças e Jovens para paralisia cerebral.RESULTADOS: Embora os dois indivíduos apresentassem a mesma Classificação Internacional de Doenças no laudo médico: G80 (referente a paralisia cerebral), as avaliações demonstraram diferenças entre o Caso 1 e o Caso 2, quanto ao tipo de paralisia cerebral (discinético e espástico, respectivamente), topografia da lesão (quadriplegia e hemiplegia) e acometimento (bilateral e unilateral), além de diferenças em relação a função motora grossa, habilidades manuais e mobilidade funcional. Diante das avaliações realizadas, o Caso 1 apresentou maior gravidade da condição de paralisia cerebral, o que leva à uma funcionalidade mais prejudicada quando comparado ao Caso 2.CONCLUSÕES: Conclui-se que indivíduos com a mesma Classificação Internacional de Doenças podem apresentar incapacidades e funcionalidade distintas e o Core Setda Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde versão para Crianças e Jovens permitiu avaliar essas diferenças funcionais de dois indivíduos com paralisia cerebral. Assim, sugere-se que as duas classificações propostas pela Organização Mundial de Saúde passem a ser usadas em conjunto para definir um perfil mais abrangente de funcionalidades e incapacidades, podendo complementar o trabalho das equipes multidisciplinares, contribuindo para uma avaliação mais individualizada e enfatizando os principais aspectos a serem trabalhados na reabilitação.
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PDFReferências
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