Comportamento glicêmico de diabéticos tipo 2 após intervenção com exercício físico: revisão integrativa

Luis Otávio Mendes, Joel Saraiva Ferreira

Resumo


A Diabetes Melittus tipo 2 (DM2) caracteriza-se pela deficiência na secreção ou na ação de insulina, com possível ocorrência simultânea das duas condições. Dentre os mecanismos não farmacológicos disponíveis para o controle da glicemia em pessoas com diabetes, está a prática regular de exercícios físicos. Contudo, há inúmeras possibilidades de variação na configuração de um programa de exercícios e o presente trabalho pretendeu descrever, por meio de uma revisão integrativa, os dados disponíveis na literatura sobre os efeitos que diferentes programas de exercícios geram sobre a glicemia do indivíduo com DM2. Utilizando os descritores “diabetes mellitus tipo 2”, “glicemia”, e “exercício”, no idioma português, efetuou-se uma busca no banco de dados da Biblioteca Virtual em Saúde. Aplicando os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos para a pesquisa, chegou-se ao número de 10 artigos a serem analisados. Como resultados, notou-se que a glicemia capilar e a glicemia de jejum foram os procedimentos mais utilizados entre os estudos para avaliar o parâmetro glicêmico dos sujeitos; estiveram presentes em 60% dos artigos selecionados. A glicemia de jejum obteve resultados satisfatórios em 66,7% destas intervenções; já a hemoglobina glicada dos sujeitos foi reduzida em 60% dos estudos em que ela foi considerada. Houve predominância de aplicação de exercícios aeróbicos entre os artigos selecionados (90%), mas os benefícios perante a glicemia se deram independentemente do tipo de exercício, resistido ou aeróbico. A frequência de realização dos exercícios entre 3 a 5 vezes por semana colaborou para um desfecho favorável nos parâmetros glicêmicos dos sujeitos da maioria dos estudos analisados nesta revisão. 

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