AGROTÓXICOS E ALTERAÇÕES NEUROCOMPORTAMENTAIS: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Caroline Rizzi Di Domenico, Camila Giacomet, Marcello Mascarenhas

Resumo


Os agrotóxicos são intensamente utilizados pela agropecuária, o uso indiscriminado tem potencial de contaminar compartimentos ambientais, expor inúmeras pessoas aos efeitos tóxicos e representa um fator de risco à saúde, que podem ocorrer na fabricação, aplicação e no consumo de alimentos. As principais vias de contaminação são as vias dérmica, digestiva e respiratória. Estudos sobre o desempenho neurocomportamental descobriram que a exposição a pesticidas está associada à déficits na função cognitiva e psicomotora, além de inibir a acetilcolinesterase, os receptores de GABA e da acetilcolina, importantes neurotransmissores relacionados à depressão. Assim como, diversos estudos evidenciam o aumento da taxa de suicido em regiões rurais. Estudos sugerem uma associação ao elevado uso de agrotóxicos, muitas vezes utilizados sem os equipamentos de proteção necessários. Com base nessas informações objetivou-se realizar uma revisão de literatura nas bases de dado PubMed, Scielo, Google Acadêmico e Lilacs, através das palavras chaves agrotóxico, depressão, neurotoxicidade. A busca dos artigos deu-se nas línguas portuguesa e inglesa, abrangendo 34 artigos publicados entre 1997 a 2019. Os achados demonstraram correlação entre o uso de agrotóxicos e depressão. Portanto há necessidade de adoção de políticas de saúde que visem alertar e orientar os trabalhadores rurais no uso correto desses pesticidas.


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