ESTRESSE OCUPACIONAL ENTRE OS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA NO CONTEXTO BRASILEIRO

Xavéle Braatz Petermann

Resumo


Este estudo tem como objetivo investigar aspectos relacionados ao estresse ocupacional em profissionais da saúde da Atenção Básica no Brasil por meio de uma revisão integrativa. Para isso, foi realizada uma busca bibliográfica na Biblioteca Virtual em Saúde e do Scielo nos idiomas inglês, português e espanhol, publicados nos últimos cinco anos (2013-2017). Os termos utilizados para a busca dos artigos foram: “estresse ocupacional” e “profissionais da saúde”. Os resultados apontam para fatores relacionados ao estresse ocupacional no Núcleo de Apoio à Saúde da Família como infraestrutura para o trabalho, a maturidade, a autonomia profissional, a sobrecarga, a satisfação, a identificação com o trabalho, o trabalho em equipe e o relacionamento interpessoal. Quando investigada a equipe de Atenção Básica, a realização profissional, liberdade de expressão, reconhecimento e despersonalização foram fatores relacionados ao estresse ocupacional, além disso, 64,5% de tais profissionais apresentaram esgotamento profissional e a prevalência de transtornos mentais comuns é de 29.7%. Na enfermagem, níveis mais baixos de atenção plena, maior estresse e afetividade negativa do bem-estar são considerados fatores estressores, em que o estresse também está associado à hipertensão nesta categoria profissional. Por fim, 57,2% dos Agentes Comunitários de Saúde apresentam alta demanda psicológica, 10,8% demonstram moderada tendência à Síndrome de Burnout e 29,3% apresentam características equivalentes à doença. Por fim, constata-se que o estresse ocupacional compreende um sério problema que está afetando os trabalhadores neste nível de atenção, capaz de desencadear uma enfermidade como a Síndrome de Burnout ou provocar uma disfunção significativa na vida do indivíduo.


Texto completo:

PDF

Referências


BRASIL. Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 21 set. 2017.

Paschoal T, Tamayo A. Validação da escala de estresse no trabalho. Estudos em Psicologia. 2004; 9(1): 45-52.

Acquadro MD et al. Occupational stress, anxiety and coping strategies in police officers. Occupational Medicine. 2015; 65(6): 466‑73.

Cotta RMM et al. Organização do trabalho e perfil dos profissionais do Programa Saúde da Família: um desafio na reestruturação da atenção básica em saúde. Epidemiologia e Serviços de Saúde. 2006; 15(3):7-18.

Maslach C, Schaufeli WB, Leiter MP. Job burnout. Annual Review of Psychology. 2001;52(1):397-422.

Schaufeli WB, Peeters MCW. Job stress and burnout among correctional officers: a literature review. International Journal of Stress Management. 2000; 7(1): 19-48.

Vieira I. Conceito(s) de Burnout: questões atuais da pesquisa e a contribuição da clinica. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional. 2010; 35(122):269‑76.

Benefield LE. Implementing evidence-based practice in home care. Home Healthcare Nurse. 2003; 21(12): 804-11.

Polit DF, Beck CT. Using research in evidence-based nursing practice. In: POLIT DF, BECK CT. (editors). Essentials of nursing research. Methods, appraisal and utilization. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2006. p. 457-94.

Stumm EM et al. Estressores e coping vivenciados por enfermeiros em um serviço de atendimento pré-hospitalar. Cogitare Enfermagem.2008; 13(1): 33-43.

Leite DF, Nascimento DDG, Oliveira MAC. Qualidade de vida no trabalho de profissionais do NASF no município de São Paulo. Physis Revista de Saúde Coletiva. 2014; 24(2):507-525.

Mota CM, Dosea GS, Nunes PS. Avaliação da presença da Síndrome de Burnout em Agentes Comunitários de Saúde no município de Aracaju, Sergipe, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva. 2014; 19(12): 4719-4726.

Maissiat GS et al. Contexto de trabalho, prazer e sofrimento na atenção básica em saúde. Revista Gaúcha de Enfermagem. 2015; 36(2): 42-9.

Atanes ACM et al. Mindfulness, perceived stress, and subjective well-being: a correlational study in primary care health professionals. BMC Complement Alternative Medicine. 2015; 15(1): 1-10.

Pimenta AM, Assunção AA. Estresse no trabalho e hipertensão arterial em profissionais de enfermagem da rede municipal de saúde de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional. 2016; 41(1): 1-11.

Carlotto MS. Transtornos Mentais Comuns em trabalhadores de Unidades Básicas de Saúde: Prevalência e fatores associados. Psicologia Argumento. 2016; 34(85):133-146.

Moreira DA et al. Estratégias de organização e fortalecimento do trabalho da enfermagem na equipe de Saúde da Família. Revista de Enfermagem do Centro-Oeste Mineiro. 2016; 1(6): 2106-2118.

Merces MC et al. Prevalência da Síndrome de Burnout em profissionais de enfermagem da atenção básica à saúde. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online. 2017; 9(1): 208-214.

Chiavenato I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Elsever; 2004.

Prado CEP. Estresse ocupacional: causas e consequências. Revista Brasileira de Medicina do Trabalho. 2016; 14(3): 285-9.

Ludermir AB & Melo Filho DA. Condições de vida e estrutura ocupacional associadas a transtornos mentais comuns. Revista de Saúde Pública. 2002; 36(2): 213-221.

David HMSL et al. Organização Do Trabalho De Enfermagem Na Atenção Básica: Uma Questão Para A Saúde Do Trabalhador. Texto & Contexto Enfermagem [internet]. 2009; 18(2):206-14.

Schermerhorn jr, Hunt JG, Osborn RN. Fundamentos de comportamento organizacional. Porto Alegre: Editora Bookman; 1999.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.


R. Perspect. Ci. e Saúde/ Revista Perspectiva: Ciência e Saúde