Um discurso em nome de Deus: o pagar para receber

Estevão Tertuliano Santos Pereira, Cristina Maria de Oliveira

Resumo


A Teologia da Prosperidade é um discurso novo? É em busca de respostas a esta pergunta que se baseou o presente ensaio. Tratou-se do discurso religioso como discurso dominante, em que “se dota de signos marcados pela superposição. São signos que, colocados como expressões de ‘uma verdade’, querem fazer-se passar por sinônimos de ‘toda a verdade’” (CITELLI, 2002, p. 41). E, dominando a verdade com sua retórica, persuadem seus fiéis a agirem conforme seus interesses. A fim de analisar esse discurso, dessacralizaram-se três discursos religiosos de autoria de seus líderes Edir Macedo, Valdemiro Santiago e Agenor Duque, em consonância aos estudos de van Dick (2015), Maingueneau (2010), Charaudeau (2016), Dooley (2011) e Orlandi (2015). Mas, em primeiro lugar, aduziu-se o movimento cíclico e histórico do discurso religioso que prega a prosperidade. Afinal, não é de hoje o ouvir das vozes que vendem o céu. Por conseguinte, embora o leitor encontre um breve cronograma de exigências de prebendas na história religiosa judaico-cristã, não se tem, no presente estudo, uma diatribe ao discurso religioso, mas o desejo de elucidar as discrepâncias de tais discursos à luz do Arquitexto: a Bíblia, a fim de aproximar o leitor ao discurso de fé que se coaduna com o Livro através do qual os reformadores afanaram a liberdade da consciência humana.

Palavras-chave


Discurso Religioso. Dessacralizar. Teologia da Prosperidade. Verdade.

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